Ações terapêuticas.

Antiisquêmico celular. Citoprotetor miocárdico.

Propriedades.

Em situações de isquemia, a trimetazidina mantém o metabolismo energético da célula miocárdica, de preferência até a via oxidativa da glicose, que é a mais rentável em termos de produção de energia (ATP) por molécula de oxigênio utilizada. A trimetazidina diminui a oxidação dos ácidos graxos nas mitocôndrias cardíacas e deste modo se obtém a manutenção da piruvato desidrogenase (PDH) cuja atividade é imprescindível para a manutenção da via oxidativa da glicose. As investigações para determinar se a trimetazidina age inibindo uma ou várias enzimas da beta-oxidação ou as enzimas que permitem a entrada dos ácidos graxos na mitocôndria continuam. Também poderia modular a atividade da piruvato desidrogenase através do cálcio intramitocondrial. As outras propriedades da trimetazidina estão relacionadas com a proteção que confere diante da citólise ou a extensão de uma região de necrose em situações de agressão aguda como a isquemia aguda ou a seqüência isquemia-reperfusão.Essa proteção é exercida diretamente sobre a célula miocárdia, diante da acidose ou dos efeitos tóxicos dos radicais livres e de forma indireta ao diminuir a reação inflamatória (migração e ativação dos polimorfonucleares). Favorece a via oxidativa da glicose ao diminuir a oxidação dos ácidos graxos, portanto é muito provável que com trimetazidina a atividade da piruvato desidrogenase (PDH) se mantenha apesar da isquemia. A trimetazidina exerce sua ação antianginosa através de um mecanismo de ação antiisquêmico citoprotetor. Na ausência de efeitos hemodinâmicos, preserva o metabolismo energético da célula miocárdica e permite ao miocárdio do paciente coronário explorar melhor os níveis residuais de oxigênio e substratos e assegurar assim sua função sem sofrimento.Evita ou diminui o sofrimento isquêmico e a célula pode então realizar suas funções essenciais: manutenção da sua atividade elétrica, manutenção da sua integridade orgânica, manutenção proporcional do pH celular, manutenção da produção de ATP e evitar a produção de radicais livres. A trimetazidina evita a automanutenção e extensão da isquemia local regional, graças à normalização dos intercâmbios iônicos de membrana. Portanto o efeito da ação da trimetazidina evita o edema celular, libera a microcirculação obstruída, restabelece a síntese de prostaciclina PGl 2 vasodilatadora e antiagregante, às custas da diminuição da síntese de tromboxano A 2. Finalmente, permite uma recuperação funcional mais rápida após a isquemia.

Indicações.

Patologia coronária crônica, especialmente a angina de peito (em tratamento profilático da crise e pós-infarto). Isso significa que em todos os pacientes coronários a trimetazidina pode contribuir com a eficácia de um antianginoso maior e assegurar uma proteção permanente do miocárdio contra a isquemia tanto como primeira escolha nos pacientes com angina de peito de diagnóstico recente, como fármaco único ou em associação, ou substituição de um tratamento mal tolerado. Em associação com outros antianginosos, permite reforçar a eficácia do tratamento ou melhorar a tolerância ao mesmo e diminuir a dose dos produtos prescritos concomitantemente e aqueles que são mal tolerados. Nos casos onde a cardiopatia isquêmica complica-se com miocardiopatia, e inclusive nos pacientes coronários que já não apresentam crises dolorosas, mas que continuam submetidos ao risco vital de episódios isquêmicos silentes.Também na preparação para cirurgia coronária ou angioplastia (onde a trimetazidina permite uma clara diminuição dos efeitos da isquemia provocada pela intervenção).

Posologia.

1 comprimido de 20mg cada 8 horas.

Reações adversas.

O exame toxicológico demonstrou que a tolerância geral é excelente, independentemente da via de administração e da espécie animal considerada. A tolerância foi avaliada em estudos clínicos e confirmada pelos médicos desde que foi colocada à disposição da equipe médica na França e no exterior, há 15 anos, ao longo dos quais foram tratados vários milhões de pacientes. As raras manifestações indesejáveis nos estudos não são mais freqüentes que com placebo. Reportaram-se, raramente, sensação de lipotimia, sonolência ou dificuldades para conciliar o sono, epigastralgias ou náuseas ligadas ao excipiente da forma farmacêutica comprimido que podem ser suprimidas recorrendo-se às gotas orais. A aceitabilidade apreciada em diferentes estudos, que reuniram mais de 7.000 pacientes, resultou-se excelente.Inclusive em indivíduos de idade avançada, polimedicados, com transtornos do ritmo ou da condução e com patologias associadas, a tolerância cardíaca e a segurança de emprego da trimetazidina confirmadas por registro ECG contínuo resultaram excelentes sob qualquer ponto de vista. Tudo isso explica que com uma experiência de mais de 15 anos, e vários milhões de pacientes tratados, nunca tenha sido indicado um problema de farmacovigilância. A tolerância da trimetazidina é um conjunto excelente: as raras manifestações indesejáveis sempre têm sido pouco intensas e fugazes e têm desaparecido com a continuação do tratamento. Nenhum tratamento foi interrompido devido a efeitos adversos.Os pesquisadores não observaram nenhuma manifestação indesejável do ponto de vista cardiovascular, cutâneo-mucoso ou ocular. Não foram observadas modificações do peso nem das constantes biológicas determinadas em exames sistemáticos.

Interações.

Não possui.

Contra-indicações.

A trimetazidina pode ser prescrita independentemente do passado patológico do paciente, pois não foi indicada nenhuma contra-indicação exceto a alergia ao composto. Além disso, a prescrição da trimetazidina não requer nenhuma precaução particular de emprego e nas avaliações não se manifestou nenhuma interação medicamentosa. Mesmo não tendo manifestado efeito teratogênico em diferentes espécies e em diferentes doses, aconselha-se administrá-la, caso necessário, após o primeiro trimestre da gravidez.