Alfaporactante

Surfactante pulmonar.

Apresentações.

Suspensão estéril para aplicação única para administração intratraqueal ou intrabronquial.
Frascos com 1,5 mL, contendo 120 mg da fração fosfolipídica de pulmão porcino.
Frascos com 3,0 mL, contendo 240 mg da fração fosfolipídica de pulmão porcino.

Composição.

Cada frasco com 1,5 mL contém: Ingredientes ativos: fração fosfolipídica de pulmão porcino 120 mg. Excipientes: cloreto de sódio e água para injeção. Pode conter bicarbonato de sódio, utilizado para ajuste de pH, quando necessário. Cada frasco com 3,0 mL contém: Ingredientes ativos: fração fosfolipídica de pulmão porcino 240 mg. Excipientes: cloreto de sódio e água para injeção. Pode conter bicarbonato de sódio, utilizado para ajuste de pH, quando necessário. Curosurf® é um surfactante natural preparado a partir de pulmões de porcinos, contendo quase que exclusivamente lípides polares, principalmente fosfatidilcolina (aproximadamente 70% do conteúdo total de fosfolípides) e aproximadamente 1% de proteínas específicas hidrofóbicas de baixo peso molecular SP-B e SP-C.
USO PEDIÁTRICO

Informações técnicas.

Mecanismo de Ação
O surfactante pulmonar é uma mistura de substâncias, principalmente fosfolípides e proteínas específicas, que reveste a camada interna dos alvéolos e com capacidade de diminuir a tensão superficial do pulmão. Esta atividade que diminui a tensão superficial é essencial para estabilizar os alvéolos e evitar o colabamento ao final da expiração, de tal forma que é possível a manutenção adequada da troca gasosa durante o ciclo ventilatório.
A deficiência de surfactante pulmonar, seja qual for a causa, acarreta insuficiência respiratória grave em crianças pré-termo e é conhecida como Síndrome do Desconforto Respiratório (Respiratory Distress Syndrome - SDR) ou Doença da Membrana Hialina (Hyaline Membrane Disease - HMD). A SDR é a causa principal da mortalidade e morbidade aguda no recémnascido pré-termo e pode ser responsável por sequelas respiratórias e neurológicas a longo prazo.
Curosurf® foi desenvolvido para compensar essa deficiência do surfactante pulmonar endógeno através da administração de surfactante exógeno na intimidade das vias aéreas baixas.
As propriedades de superfície de Curosurf® favorecem a sua distribuição uniforme nos pulmões e a difusão pelas interfaces ar-líquido nos alvéolos. Os efeitos fisiológicos e terapêuticos de Curosurf® na deficiência de surfactante foram extensivamente documentados em diversos modelos animais. Em fetos prematuros de coelho, obtidos através de histerectomia e imediatamente sacrificados, a administração de Curosurf®ocasionou uma melhora importante da expansão pulmonar. Em coelhos prematuros recém-nascidos ventilados com oxigênio a 100% houve um aumento dramático do volume inspiratório e da complacência pulmão-tórax, em comparação aos animais controles, após administração de Curosurf® através de uma cânula traqueal.
Da mesma forma, em coelhos prematuros recém-nascidos, o tratamento com Curosurf®(mantendo um volume inspiratório padronizado de aproximadamente 10 mL/kg), aumentou a complacência do sistema pulmão-tórax para nível semelhante aquele de animais recémnascidos de termo. Estudos clínicos internacionais de ampla casuística documentaram os efeitos terapêuticos de Curosurf® em recém-nascidos com SDR. Crianças prematuras tratadas com Curosurf® (uma dose única de 2,5 mL/kg equivalente a 200 mg/kg de fosfolípides) apresentaram uma melhora rápida e dramática da oxigenação, com redução da FiO2, aumento da PaO2 e das relações PaO2/FiO2 e da a/APO2; houve redução da taxa de mortalidade e da incidência de complicações pulmonares importantes. A administração de uma segunda ou uma terceira dose de 100 mg/kg demonstrou uma redução suplementar na incidência de pneumotórax e da taxa de mortalidade.
Características Farmacocinéticas: 
Curosurf® permanece em sua maior parte no pulmão após administração intratraqueal, com uma vida-média de dipalmitoil-fosfatidilcolina marcada C14 de 67 horas em coelhos recémnascidos. Podem ser encontrados apenas traços de lípides do surfactante no soro e outros órgãos, além dos pulmões, 48 horas após a administração.
Características Toxicológicas: 
Estudos de toxicidade aguda realizados em diferentes espécies animais utilizando-se as vias intraperitoneal e intratraqueal mostram que o produto não ocasionou o aparecimento de sinais de toxicidade pulmonar ou sistêmica, tampouco de mortalidade. O estudo de toxicidade subaguda via intratraqueal no cão, coelho e rato (14 dias) não evidenciou efeitos clínicos ou alterações hematológicas nem alterações macroscópicas. Além disso, Curosurf®não demonstrou qualquer evidência de toxicidade direta no rato pela via intraperitoneal (4 semanas).
Pela via parenteral na cobaia, Curosurf® não desencadeou reações anafiláticas evidenciáveis, nem estimulou a produção de anticorpos detectáveis através do teste da reação anafilática cutânea passiva.
Não foram observadas reações anafiláticas pela via intratraqueal.
Finalmente, não há evidências de potencial sensibilizador da derme (teste de Magnusson-Kligman).
Curosurf® não demonstrou qualquer evidência de atividade mutagênica ou clastogênica (indutora de divisões celulares).

Indicações.

Curosurf® é indicado para o uso profilático e tratamento de recém-nascidos prematuros com Síndrome de Desconforto Respiratório (SDR) ou Doença da Membrana Hialina.

Contraindicações.

O medicamento é contraindicado em caso de hipersensibilidade à substância ativa ou a qualquer excipiente.
Não são conhecidas contraindicações específicas até o presente momento.

Advertências e precauções.

Curosurf® deverá ser utilizado somente em ambiente hospitalar por médicos com preparação e experiência na área de cuidados e ressuscitação de crianças prematuras e onde existam condições adequadas para ventilação e monitorização de crianças com SDR.
Antes de iniciar o tratamento com Curosurf®, as condições clínicas gerais do bebê devem ser estabilizadas. Correção da acidose, hipotensão, anemia, hipoglicemia e hipotermia também são recomendadas.
Em caso de refluxo, a administração de Curosurf® deve ser interrompida e, se necessário, a pressão de pico inspiratório no ventilador deve ser aumentada até ocorrer a desobstrução do tubo endotraqueal.
Os bebês cuja ventilação tornar-se bastante insuficiente durante ou logo após a administração podem estar com o tubo endotraqueal preenchido com muco, especialmente se foram observadas secreções pulmonares antes de administração de Curosurf® .
Aspirar o recém-nascido antes de administrar a dose pode diminuir a probabilidade de obstrução do tubo endotraqueal com muco. Se houver suspeita de obstrução do tubo endotraqueal e a aspiração não for suficiente para desobstruir, o tubo endotraqueal deve ser substituído imediatamente.
No entanto, a aspiração de secreção traqueal não é recomendada, pelo menos, até seis horas após a administração, com exceção das condições que ameacem a vida.
Em caso de ocorrência de episódios de bradicardia, hipotensão e redução da saturação de oxigênio (ver efeitos adversos) a administração de Curosurf® deve ser interrompida e medidas adequadas para normalizar a frequência cardíaca devem ser consideradas e realizadas. Após a estabilização, a criança ainda pode ser tratada com acompanhamento adequado dos sinais vitais.
Após a administração de Curosurf® , a complacência pulmonar (expansão do tórax) e oxigenação podem melhorar rapidamente, exigindo um rápido ajuste das configurações de ventilador.
A melhoria da troca gasosa alveolar pode resultar em um rápido aumento da concentração de oxigênio arterial: portanto, um rápido ajuste da concentração de oxigênio inspirado deve ser feito para evitar hiperóxia. A fim de manter os valores de oxigenação sanguíneos adequados, além de análises periódicas dos gases sanguíneos, o monitoramento contínuo da PaO2 transcutânea ou saturação de oxigênio também é aconselhável.
Pressão Nasal Positiva Contínua (nCPAP) pode ser utilizada para continuar o tratamento, mas somente em unidades equipadas para realizar esta técnica.
Crianças tratadas com surfactante devem ser cuidadosamente monitoradas em relação aos sinais de infecção. Nos primeiros sinais de infecção, a criança deve ser imediatamente tratada com antibiótico apropriado.
Em caso de resposta insatisfatória ao tratamento com Curosurf® ou recaída rápida, é aconselhável considerar a possibilidade de outras complicações relacionadas à imaturidade, tais como persistência do canal arterial ou outras doenças pulmonares, como pneumonia, antes da administração da dose seguinte.
Recém-nascidos que tiveram prolongada ruptura da membrana (superior a 3 semanas) podem apresentar algum grau de hipoplasia pulmonar e podem não mostrar uma resposta ótima ao surfactante exógeno.
Com a administração de surfactante, é esperado reduzir a gravidade da SDR, mas não se pode esperar a eliminação total da morbidade e mortalidade associadas com nascimento prematuro, pois os recém-nascidos prematuros podem apresentar outras complicações associadas com sua imaturidade. Após a administração de Curosurf®, uma depressão transitória da atividade elétrica cerebral com duração de 2 a 10 minutos tem sido reportada. Isso foi observado em apenas um estudo e seu impacto não é claro.
Profilaxia com surfactante deve ser realizada somente em salas de parto com instalações adequadas e de acordo com as seguintes recomendações:
-Profilaxia (dentro de 15 minutos do nascimento) deve ser dada a quase todos os bebês com menos de 27 semanas de gestação;
-A profilaxia deve ser considerada para bebês nascidos com mais de 26 semanas e menos de 30 semanas de gestação se for necessária intubação na sala de parto ou se a mãe não recebeu corticosteroide pré-natal;
-Quando corticosteroide pré-natal foi administrado, o surfactante deve ser administrado somente se houver desenvolvimento de SDR;
-Considerando outros fatores de risco, a profilaxia deve também ser considerada em prematuros quando qualquer um dos seguintes fatores estiver presente: asfixia perinatal, diabetes materna, gravidez múltipla, os antecedentes familiares de sexo masculino tiveram SDR e cesariana.
Em todos os recém-nascidos prematuros, recomenda-se que o surfactante seja administrado utilizando resgate precoce ou abordagens seletivas.
Não há informações disponíveis sobre os efeitos do uso de doses iniciais diferentes de 100 ou 200 mg/kg, dose com uma frequência maior do que a cada 12 horas ou a administração de Curosurf® após 15 horas do diagnóstico de SDR. A administração do Curosurf® aos prematuros com hipotensão severa não foi estudada
Uso durante a gravidez e lactação: 
O produto não está indicado.

Interações medicamentosas.

Não são conhecidas.

Cuidados de armazenamento.

Armazenamento: o medicamento deve ser mantido sob refrigeração (entre +2°C e +8°C) até o momento do uso, ao abrigo da luz.
Validade: o prazo de validade é de 18 meses, a partir da data de fabricação impressa na embalagem do produto.

Posologia e modo de usar.

Preconiza-se inicialmente uma dose única de 100 ou 200 mg/kg de peso (1,25 - 2,5 mL/kg) pela via intratraqueal. Pode-se administrar uma ou duas doses suplementares de 100 mg/kg cada uma, em intervalos de ao menos 12 horas em crianças que estão ainda entubadas e submetidas a ventilação ou que necessitam de oxigênio e nas quais considera-se que a Síndrome do Desconforto Respiratório (SDR) é responsável pela persistência ou piora do quadro clínico respiratório (dose máxima total de 300 - 400 mg/kg).
É recomendável administrar Curosurf® tão precocemente quanto possível. No uso profilático para neonatos prematuros com peso corporal abaixo de 1200 g (aproximadamente até 31 semanas de idade gestacional), administrar Curosurf® dentro de 15 minutos pós-parto.
Forma de Administração: 
Curosurf® é disponível em frascos para uso extemporâneo que devem ser mantidos em refrigerador na temperatura de 2 a 8°C positivos. O frasco deve ser aquecido a 37°C antes do uso e agitado suavemente com a finalidade de se obter uma suspensão uniforme. A suspensão deverá ser retirada do frasco utilizando-se uma agulha fina e uma seringa estéril. Desconectar momentaneamente a criança do ventilador e instilar em dose única diretamente na porção baixa da traqueia o produto na forma de bolus único, através do tubo endotraqueal. Após a instilação é necessário que a criança seja ventilada manualmente durante um curto período (cerca de 1 minuto), com a mesma mistura de oxigênio usada antes do tratamento a fim de possibilitar uma distribuição uniforme. Em seguida a criança deverá ser conectada novamente ao ventilador e imediatamente após, o ritmo de ventilação deverá ser modificado, de acordo com o quadro clínico, visto que a expansão torácica ("Compliance" pulmonar) melhora rapidamente, necessitando rápido ajuste dos parâmetros ventilatórios.
As crianças que não necessitarem ventilação assistida deverão ser extubadas após a administração de Curosurf® .
A melhora das trocas gasosas alveolares ocasionando rápido aumento da concentração arterial de oxigênio, recomenda, após a administração, a monitorização intensiva da gasometria arterial e o ajuste rápido da concentração de oxigênio inspirado visto que geralmente ocorre um aumento imediato da PaO2 ou da saturação de oxigênio. É recomendável a monitorização contínua da PaO2 transcutânea ou de saturação de oxigênio a fim de prevenir uma hiperoxigenação bem como realizar gasometrias periódicas.

Reações adversas.

Apneia e septicemia podem ocorrer como consequência da imaturidade das crianças.
A ocorrência de hemorragia intracraniana após a instilação de Curosurf® tem sido relacionada à redução da pressão arterial média e picos iniciais de oxigenação arterial (PaO). Evita-se altos picos de PaO2 pelo ajuste do ventilador imediatamente após a instilação.
Em estudos clínicos realizados até o momento, uma leve tendência de aumento da incidência de persistência do canal arterial tem sido relatada em crianças tratadas com Curosurf® (como acontece com outros surfactantes).
A formação de anticorpos contra as proteínas presentes na formulação de Curosurf® tem sido observada, mas até agora sem qualquer evidência de relevância clínica.
Os prematuros têm relativamente elevada incidência de hemorragia e isquemia cerebrais, reportados como leucomalácia periventricular e anomalias hemodinâmicas, tais como persistência do canal arterial e persistência da circulação fetal, apesar dos cuidados intensivos prestados. Essas crianças também estão em risco elevado de desenvolver infecções como pneumonia e bacteremia (ou septicemia).
Convulsões podem ocorrer também no período perinatal. Os bebês prematuros também podem comumente desenvolver distúrbios hematológicos e eletrolíticos, que podem ser agravados por doença severa e ventilação mecânica. Para completar o quadro de complicações da prematuridade, podem ocorrer as seguintes desordens diretamente relacionadas à gravidade da doença e uso de ventilação mecânica necessária para a reoxigenação: pneumotórax, enfisema pulmonar intersticial e hemorragia pulmonar. Finalmente, o uso prolongado de altas concentrações de oxigênio e ventilação mecânica está associado com o desenvolvimento da displasia broncopulmonar e retinopatia da prematuridade.
As seguintes frequências de reações adversas foram observadas durante ensaios clínicos e/ou uso pós-comercialização:
Reação incomum (≥ 1/1.000 e < 1/100): septicemia, hemorragia intracraniana, pneumotórax. Reação rara (≥ 1/10.000 e < 1.000): bradicardia, hipotensão, displasia broncopulmonar, hemorragia pulmonar, diminuição da saturação de oxigênio.
Reação cuja frequência é desconhecida: hiperóxia, cianose neonatal, apneia, anormalidade no eletroencefalograma, complicações na intubação intratraqueal.

Superdose.

Não há relatos de superdosagem após administração de Curosurf®. No entanto, no improvável caso de overdose acidental, e somente se houver efeitos clínicos relevantes na respiração do bebê, ventilação ou oxigenação, deve ser realizada a aspiração do quanto for possível da suspensão e o bebê deve receber tratamento de suporte, com especial atenção ao equilíbrio de fluidos e eletrólitos.
Implicação Terapêutica Adicional: 
Crianças nascidas após um longo período da ruptura das membranas (maior que 3 semanas)poderão não apresentar uma resposta adequada.
Efeitos sobre a Direção de Automóveis ou Uso de Máquinas: 
Não está envolvido com o uso do produto.