Ações terapêuticas.

Bloqueador neuromuscular.

Propriedades.

Trata-se de um bloqueador da junção neuromuscular não-despolarizante, semelhante ao pancurônio, porém de ação intermediária e rápido início de ação. Age como todos estes fármacos curarizantes, competindo com os receptores nicotínicos da acetilcolina em nível de placa motora terminal, produzindo paralisia muscular esquelética. Os miorrelaxantes neuromusculares não apresentam efeito conhecido sobre o nível de consciência ou sobre o limiar para a dor. O efeito bloqueador sobre os receptores colinérgicos é antagonizado pelos fármacos anticolinesterásicos (neostigmina, edrofônio). Durante a cirurgia a paralisia muscular aparece aos 2 minutos e a duração do efeito é de 30 a 40 minutos. É administrado por via intravenosa em bolo, sua meia-vida de eliminação é de 73 minutos, porém em pacientes com insuficiência hepática a meia-vida se prolonga. É eliminado pela bile (47% e 43%, respectivamente), os 50% restantes são recuperados na forma inalterada.

Indicações.

Coadjuvante da anestesia para induzir miorrelaxamento do músculo esquelético e facilitar a ventilação mecânica e a intubação traqueal.

Posologia.

Como ocorre com os outros curares, a dose deve ser individualizada para cada paciente; o fármaco é usado por via IV em bolo ou em infusão. Para intubação traqueal: 0,6mg/kg por via IV em bolo. Dose de manutenção: 0,15mg/kg. Em infusão contínua recomenda-se: 0,3 a 0,6mg/kg para anestesia intravenosa e 0,3 a 0,4mg/kg para anestesia inalatória. Recomenda-se monitoração contínua do bloqueio neuromuscular.

Reações adversas.

Assim como com outros bloqueadores neuromusculares, foram descritas, raramente, reações anafiláticas, atribuídas à liberação de histamina. Além disto, hipotensão, broncospasmo, taquicardia, prurido, enjôos. Localmente, no lugar da injeção pode aparecer dor.

Precauções.

Com o uso de rocurônio é necessário empregar ventilação mecânica até que se recupere a respiração espontânea. O emprego de doses superiores a 0,9mg/kg pode aumentar a freqüência cardíaca. Empregar com precaução em pacientes com comprometimento hepático ou renal. Em cirurgia com hipotermia o bloqueio neuromuscular aumenta e sua duração é prolongada. Pode haver aumento do efeito curarizante em casos de desidratação, hipopotassemia, acidose, hipercapnia, hipoproteinemia, caquexia, hipocalcemia (após transfusões completas).

Interações.

Pode-se atenuar o efeito empregando anticolinesterásicos (neostigmina, edrofônio) ou pela administração prévia e prolongada de corticóides, anticonvulsivantes (fenitoína, carbamazepina), teofilina, azatioprina, cloreto de potássio. Seu efeito pode ser intensificado com vários fármacos: anestésicos voláteis halogenados, antibióticos (aminoglicosídeos, tetraciclinas, polipeptídicos, lincosamina), inibidores da monoaminooxidase (IMAO), a-bloqueadores, lítio, bloqueadores de canais de cálcio.

Contra-indicações.

Antecedentes de hipersensibilidade aos bloqueadores da junção neuromuscular. Avaliar a relação risco/benefício em pacientes com EPOC, taquicardia, desidratação, desequilíbrios hidroeletrolítico ou ácido-básico.