Ações terapêuticas.

Anti-hipertensivo.

Propriedades.

A reserpina é um alcalóide da rauwolfia que atua nas terminações nervosas pós-ganglionares, reduz as reservas de catecolaminas e serotonina no SNC e nos tecidos. Pensa-se que sua ação anti-hipertensiva se deve à redução do consumo cardíaco e a certa diminuição da resistência periférica. Absorve-se com facilidade depois da administração oral. Não se une às proteínas, e sim aos locais implicados no armazamento de aminas biogenéticas; perdura no organismo durante vários dias. Metaboliza-se no fígado e a ação mantém-se (por via oral) durante 1 a 6 semanas. Mais de 60% são eliminados por via fecal em 4 dias e de forma inalterada, e por via renal 8% em 4 dias (menos de 1% inalterado).

Indicações.

Hipertensão, fenômeno de Raynaud (por via oral).

Posologia.

Adultos: oral, 100 a 250mg/dia; os pacientes geriátricos podem ser sensíveis aos efeitos da dose usual para adultos; doses pediátricas: 5 a 20mg/kg/dia em 1 ou 2 ingestões diárias.

Reações adversas.

Geralmente ocorrem com doses elevadas. As tonturas são de incidência mais freqüente. Requerem atenção médica: secura na boca, anorexia, náuseas, vômitos e congestão nasal. Incidência menos freqüente: melena, hematemese, arritmias, sonolência, debilidade ou falta de energia, nervosismo, ansiedade, cefaléias e edemas.

Precauções.

Deverá ser ingerida às refeições ou com leite, para minimizar a irritação gastrintestinal. Ter precaução se forem apresentadas depressão ou mudanças no padrão do sono e ao tomar álcool ou outros depressores do SNC. O paciente terá de ser cuidadoso ao dirigir veículos ou realizar trabalhos que requeiram atenção, dado que podem produzir sonolência ou tonturas. Se for apresentada congestão nasal, descongestionantes que contenham simpaticomiméticos não deverão ser utilizados sem consultar o médico. A relação risco-benefício deverá ser avaliada durante a gravidez ou período de lactação, dado que foram informados efeitos adversos nos lactentes cujas mães receberam alcalóides da rauwolfia (aumento das secreções respiratórias, congestão nasal, cianose, anorexia). Os pacientes geriátricos são mais sensíveis aos efeitos hipotensores e depressores do SNC. A reserpina pode inibir ou diminuir a secreção salival e favorecer o desenvolvimento de cáries, doença periodontal e candidíase oral.

Interações.

Os AINEs (principalmente a indometacina) podem diminuir os efeitos anti-hipertensivos da reserpina. A administração simultânea de betabloqueadores pode produzir um bloqueio beta-adrenérgico aditivo, e originar hipotensão e bradicardia. A reserpina pode aumentar as concentrações de prolactina no soro e interferir com os efeitos da bromocriptina. A quinidina e os glicosídeos digitálicos, usados simultaneamente com a reserpina, podem provocar arritmias cardíacas, que não são significativas com doses usuais. Os estrogênios são capazes de diminuir o efeito anti-hipertensivo da reserpina. É possível uma diminuição dos efeitos terapêuticos da levodopa; os IMAOs podem produzir uma potenciação grave dos efeitos depressores sobre o SNC. As drogas simpaticomiméticas podem minguar os efeitos dos alcalóides da rauwolfia.

Contra-indicações.

A relação risco-benefício deverá ser avaliada na presença de arritmias cardíacas, depressão cardíaca, epilepsia, úlcera péptica, colite ulcerosa, antecedentes de depressão mental, parkinsonismo, feocromocitoma, insuficiência renal e problemas respiratórios.