Ações terapêuticas.

Antiulceroso.

Propriedades.

O omeprazol é um inibidor da secreção ácida gástrica, cujo mecanismo de ação envolve a inibição específica da bomba de ácido gástrico na célula parietal. Age rapidamente e produz um controle reversível da secreção de ácido gástrico com uma única dose diária. O omeprazol é uma base fraca, concentrada e convertida à sua forma ativa no meio ácido dos canalículos intracelulares da célula parietal, onde inibe a enzima ATPase H+/K+ dependente (bomba de ácido). Esse efeito sobre a última etapa no processo de formação de ácido gástrico depende da dose e promove uma inibição eficaz sobre a secreção ácida basal e a estimulada, independente do secretagogo usado. O omeprazol não exerce nenhuma ação sobre o receptores de acetilcolina ou de histamina nem possui outras ações farmacodinâmicas de significado clínico, além das que exerce sobre a secreção ácida. Efeito sobre a secreção gástrica: uma única dose diária de omeprazol de 20 a 40 mg promove uma rápida e eficaz inibição da secreção ácida gástrica; o efeito máximo é obtido dentro dos quatro primeiros dias de tratamento. Em pacientes com úlcera duodenal consegue-se uma diminuição média de 80% na acidez intragástrica de 24 horas, com uma diminuição média da secreção ácida máxima após o estímulo com pentagastrina de aproximadamente 70%, 24 horas depois da dose de omeprazol. Absorção e distribuição: o omeprazol é um ácido fraco administrado por via oral. A absorção ocorre no intestino delgado, completando-se em 3 a 6 horas. A biodisponibilidade do omeprazol depois de uma dose oral única de 20 mg é aproximadamente de 35%. Depois de doses diárias únicas repetidas, a biodisponibilidade aumenta para 60%. A ingestão de alimentos não modifica a biodisponibilidade. A ligação do omeprazol às proteínas plasmáticas é de 95%. Eliminação e metabolismo: a média da fase terminal da curva de concentração plasmática-tempo de omeprazol é de 40 minutos. Não há nenhuma alteração na meia-vida durante o tratamento. A inibição da secreção gástrica está relacionada com a área sob a curva de concentração plasmática versus tempo (AUC). O omeprazol é completamente metabolizado, especialmente no fígado. Os metabólitos identificados no plasma são sulfona, sulfito e hidroxiomeprazol; esses metabólitos carecem de ação sobre a secreção ácida gástrica e 80% são excretados pela urina e o resto pelas fezes. Os dois metabólitos urinários principais são hidroxiomeprazol e o ácido carboxílico correspondente. A biodisponibilidade sistêmica do omeprazol não está significativamente alterada em pacientes com diminuição da função renal. Em pacientes com deterioração da função hepática a área sob a curva concentração-tempo está aumentada e atinge quase 100% de biodisponibilidade, mas sem que seja detectada tendência de acúmulo de omeprazol. Deterioração da função renal: esses pacientes não requerem ajuste de dose. Deterioração da função hepática: como a biodisponibilidade e a meia-vida plasmática do omeprazol estão aumentadas nesses pacientes, uma dose diária de 20 mg é geralmente suficiente. Outros efeitos relacionados com a inibição gástrica: durante tratamentos prolongados informou-se aumento na frequência de cistos glandulares gástricos. Essas alterações, consequência fisiológica da pronunciada inibição da secreção ácida, são benignas e parecem ser reversíveis. O uso de omeprazol suprime o crescimento do Helicobacter pylori, no entanto, para a erradicação total do microrganismo é necessário administrar antibióticos simultaneamente.

Indicações.

Está indicado para o tratamento de úlcera duodenal, úlcera gástrica, doença ulcerosa péptica com histologia antral ou cultivo positivo para Helicobacter pylori, esofagite por refluxo, síndrome de Zollinger Ellison, pacientes com risco de aspiração do conteúdo gástrico durante anestesia geral (profilaxia de aspiração).

Posologia.

Úlcera duodenal ativa e úlcera gástrica: a dose recomendada é de 20 mg, uma vez por dia, pela manhã. Na maioria dos pacientes obtêm-se uma rápida melhoria dos sintomas e a cura da úlcera dentro de 4 semanas de tratamento. Para aqueles pacientes que não foram curados por completo durante o tratamento inicial a cura ocorre com outras quatro semanas de terapia. Em pacientes com úlcera duodenal com resposta pobre foram usadas doses de 20 mg diários de omeprazol, obtendo-se cura, com freqüência, em 4 a 8 semanas. Em pacientes com úlcera gástrica com resposta pobre foram utilizadas doses de 40 mg de omeprazol, obtendo-se cura, habitualmente, dentro das 8 semanas. Síndrome de Zollinger-Ellison: a dose inicial recomendada é de 60 mg uma vez por dia, a qual deve ser ajustada de forma individual; o tratamento deve continuar enquanto for clinicamente necessário. Todos os pacientes com doença severa e com resposta inadequada a outras terapias foram efetivamente controlados, e mais de 90% têm se mantido com doses de 20 a 120 mg por dia. Doses superiores a 80mg/dia de omeprazol devem ser divididas e administradas 2 a 3 vezes por dia. Profilaxia de aspiração gástrica em pacientes submetidos à anestesia geral: administrar 40 mg na noite anterior e 40 mg na manhã do dia da cirurgia. Administração intravenosa: quando a medicação oral é inapropriada, por exemplo em pacientes com doença severa, recomenda-se uma dose diária de 40 mg administrada com injeção intravenosa lenta (acima de 2,5 minutos); a injeção IV produz uma diminuição imediata na acidez intragástrica e uma diminuição média, após 24 horas, de aproximadamente 90%. Na síndrome de Zollinger-Ellison a dose deve ser ajustada de forma individual, e é provável que sejam necessárias doses mais elevadas e mais freqüentes.

Reações adversas.

Cutâneas: raramente erupção e prurido. Em casos isolados, fotossensibilidade, eritema multiforme, alopecia. Musculoesqueléticas: em casos isolados, artralgia, debilidade muscular e mialgia. Sistema nervoso central e periférico: cefaleia, raramente tonturas, parestesia, sonolência, insônia e vertigem; em casos isolados, confusão mental reversível, agitação, depressão e alucinações, principalmente em pacientes com doença grave. Gastrintestinais: diarreia, constipação, dor abdominal, náuseas, vômitos, flatulência; em casos isolados, secura da boca, estomatite e candidíase gastrintestinal. Hepáticas: raramente incremento das enzimas hepáticas; em casos isolados, encefalopatia em pacientes com doença hepática grave preexistente, hepatite com ou sem icterícia e falha hepática. Endócrinas: em casos isolados, ginecomastia. Hemáticas: em casos isolados, leucopenia e trombocitopenia. Outras: raramente debilidade. Reações de hipersensibilidade, por exemplo, urticária (rara) e em casos isolados angioedema, febre, broncospasmo e nefrite intersticial; em casos isolados, incremento do suor, edema periférico, visão turva e transtornos do sabor. Observou-se, em casos isolados, deterioração visual irreversível em pacientes em estado crítico que receberam omeprazol em injeção IV, especialmente em doses elevadas. No entanto, não foi estabelecida uma relação causal entre o omeprazol e os efeitos sobre a visão.

Precauções.

Estudos em ratos demonstraram um incremento de incidência de carcinoma gástrico no tratamento prolongado; no ser humano o tratamento a curto prazo não implica incremento do risco de carcinoma gástrico; não foram avaliados os efeitos do tratamento prolongado em seres humanos. Quando existe suspeita de úlcera gástrica deve-se descartar a possibilidade de carcinoma gástrico, pois o tratamento com omeprazol pode aliviar sintomas e demorar o diagnóstico. Por não existirem provas conclusivas, recomenda-se não usar em mulheres grávidas a menos que o benefício para a mãe supere o risco potencial para o feto. A amamentação deve ser suspensa. A segurança e a eficácia em crianças não foram estabelecidas.

Interações.

O omeprazol pode prolongar a meia-vida de diazepam, varfarina e fenitoína, fármacos que são metabolizados no fígado por oxidação. Recomenda-se controlar os pacientes que recebem varfarina e fenitoína; alguns podem precisar de uma redução da dose. No entanto, o tratamento simultâneo com omeprazol, 20 mg/dia, não modificou as concentrações sanguíneas de fenitoína em pacientes em tratamento contínuo com este fármaco. De forma similar, o tratamento simultâneo com omeprazol, 20 mg diários, não alterou o tempo de coagulação em pacientes em tratamento contínuo com varfarina. As concentrações plasmáticas de omeprazol e claritromicina são incrementadas durante a administração conjunta. Não foram encontradas interações com propranolol, metoprolol, teofilina, lidocaína, quinidina e amoxicilina, mas não podem ser descartadas interações com outros fármacos metabolizados também através do sistema citocromo P-450. Não foram encontradas interações com a administração concomitante de antiácidos e alimentos.

Contraindicações.

Hipersensibilidade ao fármaco.