Ações terapêuticas.

Antirretroviral.

Propriedades.

A estavudina é um análogo nucleosídeo da timidina, que por fosforilação intracelular pela timidincinase é convertido em monofosfato de estavudina, depois em difosfato, por ação da timidilatocinase celular, e depois em trifosfato, por ação de outras enzimas celulares. O trifosfato de estavudina compete com o trifosfato de deoxitimidina natural como substrato pela transcriptase reversa do HIV (DNA polimerase dependente de RNA), inibindo-a. Além disso, o trifosfato de estavudina que é incorporado na cadeia de DNA interrompe de forma prematura seu alongamento pois carece do grupo 3'-hidroxil necessário para receber um nucleotídeo adicional. O trifosfato de estavudina também inibe a beta e gamapolimerase do DNA celular e reduz notavelmente a síntese de DNA mitocondrial. Ainda não foi estabelecida a relação entre a sensibilidade in vitro do HIV à estavudina, a inibição da replicação do vírus no homem e a resposta clínica ao tratamento. Foi observado que pode ser gerada resistência à didanosina (ddi) ou à zidovudina. Também foi demonstrado um efeito antiviral aditivo entre a estavudina e a didanosina em proporções molares de 0,05, 0,10, 0,16 e 0,5, como também entre a estavudina e a zidovudina em proporções molares de 100 e 500, enquanto que com uma relação molar de 20 (estavudina: zidovudina) o efeito é antagônico. A meia-vida intracelular é de 3,5 horas (linfócitos T e monócitos). É rapidamente absorvida após administração oral e sua biodisponibilidade absoluta é de 86,4% (adultos). A Cmáx. é atingida uma hora após a administração e aumenta proporcionalmente com a dose. Não foi observado acúmulo com doses repetidas (cada 6, 8 e 12 horas). O volume médio de distribuição aparente (via oral) é de 66 litros, não ocorre ligação apreciável a proteínas plasmáticas e pode atravessar a barreira hematoencefálica. Aproximadamente 40% da estavudina (ou seus metabólitos) são eliminados pela urina, mediante um mecanismo de secreção tubular ativa e filtração glomerular. A insuficiência renal obriga a modificar a posologia do medicamento.

Indicações.

Infecção avançada por cepas do vírus de imunodeficiência humana resistente aos antirretrovirais convencionais, ou em pacientes que apresentam deterioração imunitária causada por essas terapias, ou ainda para quem essas terapias são contraindicadas.

Posologia.

Pacientes com mais de 60 kg: 40 mg cada 12 horas. Pacientes com menos de 60 kg: 30 mg cada 12 horas. Se ocorrerem manifestações de neuropatia periférica (intumescimento, formigamento ou dor nos pés e mãos), a estavudina deve ser suspensa, o que pode provocar a remissão dos sintomas. Se a neuropatia for resolvida satisfatoriamente, a administração pode ser continuada da seguinte maneira: pacientes com mais de 60 kg: 20 mg cada 12 horas. Pacientes com menos de 60 kg: 15 mg cada 12 horas. Em pacientes com clearance de creatinina (CC) diminuído deve-se ajustar a dose: CC entre 26 e 50 ml/minuto: 20 mg/12 horas (≥60 kg de peso) ou 15 mg/12 horas ( < 60kg de peso); CC entre 10 e 25 ml/minuto: 20 mg/24 horas (≥60 kg de peso) ou 15 mg/24 horas ( < 60kg de peso).

Superdosagem.

As complicações da superdose incluem neuropatia periférica e hepatotoxicidade. Desconhece-se a utilidade da diálise na remoção da estavudina.

Reações adversas.

A neuropatia periférica, efeito adverso mais comum, é mais frequente nos pacientes que recebem 2 mg/kg/dia ou mais. Outros efeitos são os seguintes: cefaléia, calafrios, febre, astenia, dor abdominal, dor nas costas, dor no peito, mal-estar, reação alérgica, síndrome semelhante à da gripe, dor pélvica, neoplasias, vasodilatação, hipertensão, vasculopatias periféricas, síncope, diarreia, náuseas, vômitos, anorexia, linfadenopatia, mialgia, perda de peso, insônia, ansiedade, depressão, tontura, nervosismo, confusão, enxaqueca, dispneia, pneumonia, asma, erupção, prurido, diaforese, urticária, conjuntivite, neutropenia, trombocitopenia.

Precauções.

O paciente deve ser informado sobre a aparição de sintomas de neuropatia periférica (intumescimento, formigamento ou dor nos pés e mãos), responsável pela interrupção imediata do tratamento. Deve-se administrar com precaução a pacientes com risco de pancreatite. Por não existirem provas conclusivas, recomenda-se não utilizar em mulheres grávidas a menos que o benefício para a mãe supere o risco potencial para o feto. A lactação deve ser suspensa. A segurança e a eficácia do fármaco em crianças não foram estabelecidas.

Contraindicações.

Hipersensibilidade ao fármaco.